1 de dez. de 2010

Saramago Pop Star












 



José Saramago quase morreu antes de morrer. Quando muitos tinham o sumiço do escritor como uma pneumonia controlável, na verdade ele estava agonizando. Mal se ouvia sua voz. Esse difícil momento, ocorrido três anos antes de sua partida definitiva, está retratado no documentário “José e Pilar”, em cartaz nos cinemas. O filme não é um documentário convencional, linear, que aborda a infância, os momentos difíceis pelos quais passou o escritor, a sua vida regrada. O maior mérito do filme é fazer jus ao nome, ou seja, abordar de forma equilibrada a relação do escritor com sua mulher, a jornalista espanhola Pilar.

Saramago teria morrido antes de morrer se não fosse sua esposa. Pilar passou a organizar com “mão de ferro” a vida “administrativa” do escritor, principalmente após a premiação do Nobel. Ela lia, separava e respondia (junto com o escritor) as cerca de 200 cartas que recebiam em casa, na ilha de Lanzarote. Ela também passou a organizar a agenda estafante do escritor, principalmente depois de sua “quase-morte”, antes de morrer.

Para muitos Saramago era uma figura difícil, mau humorada e arrogante (é difícil responder às mesmas perguntas em todo lugar que se vai, convenhamos). Mas o documentário mostra exatamente o contrário: um homem solícito, que relutava em recusar um convite para visitar algum país. Em algumas palestras Saramago chegava a autografar, com surpreendente paciência, mais de mil exemplares. Não foi nada intencional, mas Saramago se tornou “pop star”. Devido a isso, por pouco não morreu antes de morrer. 

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