19 de abr. de 2009

Jackie Paris



Jackie Paris foi um cantor de jazz americano – morou em Nova York -, cujo estilo se aproximava de um misto entre Nina Simone e Chet Backer. Foi eleito o melhor cantor de 1953 pela revista “Down Beat” e tinha a preferência de ninguém menos do que Ella Fitazgerald, Nat King Cole, Sarah Vaughan, Charlie Parker, Lionel Hampton, Charles Mingus, Thelonious Monk. Lançou poucos discos, que hoje são raridades nos sebos e valem uma fortuna em CD. Como ocorre com vários artistas, Jackie Paris era uma pessoa de difícil relacionamento, devido ao seu ego nada modesto. Jackie teve seu auge nos anos 50, quando lançou quatro álbuns antológicos.


No hemisfério sul, no Rio de Janeiro, Cartola distribuía suas belas músicas e tentava se virar para sobreviver. Depois de ser até dono de bar, caiu em decadência e foi encontrado, por acaso, lavando carros em uma das ruas da cidade. Um iluminado executivo de gravadora, vendo-o naquela situação, fez um contrato com Cartola para produzir quatro álbuns e registrar sua obra. Sorte!


A mídia costuma ser ingrata com alguns artistas, empobrecendo o patrimônio cultural. Culpa também das gravadoras, mais preocupadas com o marketing de massas do que com a música de qualidade. Assim como Cartola, que teve de se arrumar para conseguir grana, Jackie Paris chegou a ser ascensorista em um prédio nos anos 60, em Nova York. Por pouco a humanidade deixa cair no esquecimento dois gênios da música.


De mito a ascensorista, Jackie Paris foi inexplicavelmente recusado pelas gravadoras, que certamente preferiram afagar algum popstar de sucesso momentâneo. O cantor teve de gravar um CD através de um selo japonês. Jackie foi redescoberto por Raymond De Felitta, um músico de jazz e diretor de cinema, que se interessou em pesquisar a vida deste mito do jazz, quando ouviu sua voz rouca em um programa de rádio. O curioso é que o cantor foi considerado morto no ano de 1977, em um verbete de algum dicionário de música. O diretor ficou perplexo quando viu uma chamada para um espetáculo (concorridíssimo!!) de Jackie Paris no Standard Jazz (NY), em 2004.


Raymond De Felitta procurou Jackie Paris para realizar um emocionante documentário, à Buena Vista Social Club, no qual o cantor disseca sua difícil carreira, seus três casamentos e um filho perdido no mundo. O nome do documentário é Tis Autumn: The Search for Jackie Paris (EUA, 2006). Há no filme algumas imagens de Jackie Paris cantando no Standard em 2003, já doente, com sua voz cambaleante, mas com uma delicadeza impressionante.
Jackie morreu em 2004. Assisti à essa pérola no Telecine Cult e tive a sorte de conseguir gravar uma cópia. Não sei se existe o material em DVD. Recomendo tudo sobre Jackie Paris!

2 comentários:

  1. valeu a dica! vou pesquisar mais sobre ele!

    ResponderExcluir
  2. Jackie Paris é simplesmente o maior cantor da história do Jazz (e praticamente o único), o mais intrigante não é ele não ter feito sucesso, mas ser quase um desconhecido entre os admiradores de Jazz, não gravou com gente conhecida(com exceção de Mingus)para se tornar também conhecido. É possível pegar esse filme em Rapidshare (siga as instruções e use o password)no site:
    http://www.filestube.com/b98b4415c92b05eb03e9,g/TSTMN.html

    Abraços.

    ResponderExcluir